Cousas da abstracção
“Olha, traz-me uma garrafa de branco e um garrafão de 5 litros de tinto, tá bem?... Diz-me só uma coisa, o tinto é igual ao da outra vez? É que esse não estava bom”. O rapaz tremia com o telemóvel no ouvido e, pelo aspecto dos olhos vidrados, deu perfeitamente para entender que não era vinho o que pretendia. O vinho, em Portugal, não tem entrega ao domicílio e, se tem, é em quantidade que justifique a deslocação. É em almudes ou pipas que se entrega o vinho porta a porta, não é? Droga! droga era o que o indivíduo suplicava ao telefone: Uma dose de cocaína e 5 dozes de outra mistela qualquer.
A capacidade de abstracção dos nossos toxicodependentes anda pelas ruas da amargura. Qualquer agente da GNR ou da Guarda Municipal, mal preparado, conseguiria chegar lá sem a menor dificuldade. O Pinto da Costa já se lixou com esquemas similares! Para entregar algumas prostitutas no quarto dos árbitros referia-se, vejam lá, a Fruta! “A Fruta”, quando queria denominar as prostitutas de uma forma genérica, e “o Café com Leite” quando queria especificar um tom de pele mais escuro de alguma morena em particular. Tudo esquemazinhos que qualquer mentecapto conseguiria (como em vão se conseguiu) descortinar. Está-se mesmo a ver o Pinto da Costa: “Ó pá que tal a fruta?”, ao qual o trio de arbitragem por vezes respondia em uníssono: “Hum... esta última era de fora de época”.
O problema está todo na nossa mísera capacidade de abstracção. Não é nem é um problema de algumas classes sociais – futeboleiros e toxicodependentes. É um problema de todos os portugueses. Os portugueses não são bons de números, não são bons de cabeça. Não gostam de matemáticas e a maioria das matemáticas existe apenas para elevarmos a nossa capacidade de raciocínio e, consequentemente, de abstracção.
Onde é que a nossa polícia judiciária apanhava o Pinto da Costa se ele usasse de uma abstracção numérica ou matemática? Por exemplo, para Prostitutas de uma forma genérica usaria as “Pi vezes o Raio ao quadrado”, enquanto ao círculo restrito das prostitutas de luxo daria o nome de “Dois Pi vezes o raio” e, se quisesse denominar uma mulatinha em particular, por que não usar da fórmula da energia?: “Ó pá, vou-te mandar uma Massa vezes o quadrado da velocidade da luz, pode ser?” O toxicodependente que usasse de esquemas mais terra-a-terra, do género: “Quero uma soma do quadrado dos catetos”, para se referir a uma dose de cocaína ou, para detalhar 5 dozes de boa qualidade: “Traz-me X menos um igual a seis de soma do quadro dos catetos mas que não seja como a da outra vez pois essa não deu uma hipotenusa muito boa!”. Se se julgasse a parte do “essa não deu uma hipotenusa muito boa” demasiado óbvia, poder-se-ia então usar – a título excepcional, repito: excepcional! - o dito que o meu pai utiliza para se referir ao mau vinho: Essa hipotenusa não estava grande pomada.
A capacidade de abstracção dos nossos toxicodependentes anda pelas ruas da amargura. Qualquer agente da GNR ou da Guarda Municipal, mal preparado, conseguiria chegar lá sem a menor dificuldade. O Pinto da Costa já se lixou com esquemas similares! Para entregar algumas prostitutas no quarto dos árbitros referia-se, vejam lá, a Fruta! “A Fruta”, quando queria denominar as prostitutas de uma forma genérica, e “o Café com Leite” quando queria especificar um tom de pele mais escuro de alguma morena em particular. Tudo esquemazinhos que qualquer mentecapto conseguiria (como em vão se conseguiu) descortinar. Está-se mesmo a ver o Pinto da Costa: “Ó pá que tal a fruta?”, ao qual o trio de arbitragem por vezes respondia em uníssono: “Hum... esta última era de fora de época”.
O problema está todo na nossa mísera capacidade de abstracção. Não é nem é um problema de algumas classes sociais – futeboleiros e toxicodependentes. É um problema de todos os portugueses. Os portugueses não são bons de números, não são bons de cabeça. Não gostam de matemáticas e a maioria das matemáticas existe apenas para elevarmos a nossa capacidade de raciocínio e, consequentemente, de abstracção.
Onde é que a nossa polícia judiciária apanhava o Pinto da Costa se ele usasse de uma abstracção numérica ou matemática? Por exemplo, para Prostitutas de uma forma genérica usaria as “Pi vezes o Raio ao quadrado”, enquanto ao círculo restrito das prostitutas de luxo daria o nome de “Dois Pi vezes o raio” e, se quisesse denominar uma mulatinha em particular, por que não usar da fórmula da energia?: “Ó pá, vou-te mandar uma Massa vezes o quadrado da velocidade da luz, pode ser?” O toxicodependente que usasse de esquemas mais terra-a-terra, do género: “Quero uma soma do quadrado dos catetos”, para se referir a uma dose de cocaína ou, para detalhar 5 dozes de boa qualidade: “Traz-me X menos um igual a seis de soma do quadro dos catetos mas que não seja como a da outra vez pois essa não deu uma hipotenusa muito boa!”. Se se julgasse a parte do “essa não deu uma hipotenusa muito boa” demasiado óbvia, poder-se-ia então usar – a título excepcional, repito: excepcional! - o dito que o meu pai utiliza para se referir ao mau vinho: Essa hipotenusa não estava grande pomada.
Vá, ó futeboleiros e toxicodependentes, vejam lá se se aplicam nessas abstracções para quebrarem com a monotonia e darem um pouco de alento à vida dos nossos agentes da polícia judiciária.
2 Bocas:
Cuidado com os comentários que fazse sobre o Pinto da Costa que ainda tens um comunicado no site do FCP:))
Já têm site?
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